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Um passeio de 30 léguas - (parte 3)

Nesse estado de espírito e de corpo estávamos, quando deparamos com um frondoso umbuzeiro, carregado de frutas. Foi uma agradável diversão. Acolhidos a sua sombra, consumimos grande quantidade de saborosos umbus, satisfazendo deste modo as exigências do nosso estomago.

O meu criado, tão prático nos terrenos do distrito de Pocinhos, ali ignorava tudo. Entretanto, patenteou sempre a sua habilidade de rastejador, que tanta admiração causava ao dr. Rabello.

-Pela vereda da direita, disse ele, enxergo o rasto de um menino ou pessoa de pe pequeno; e pela esquerda o de um burro.

-O trilho da direita, respondi, depois de consultar a bússola, parece inclinar-se para o norte; e o da esquerda segue o rumo que levamos, que e o do poente; por tanto deixemos o rastro do homem e sigamos o do bruto.

Assim fizemos, continuando a viagem. Era meio dia e já sentíamos fome. O meu companheiro, que viajava no sertão pela primeira vez, não mostrou-se desanimado por esse penoso incidente; deveria estar contrariado, mas disfarçou, citando a passagem de uma tragédia de Shakespeare, análoga ao caso em que nos víamos.


Umbuzeiro

Nesse estado de espírito e de corpo estávamos, quando deparamos com um frondoso umbuzeiro, carregado de frutas. Foi uma agradável diversão. Acolhidos a sua sombra, consumimos grande quantidade de saborosos umbús, satisfazendo deste modo as exigências do nosso estômago.

Depois de alguns minutos continuávamos o nosso trajeto, curvados frequentemente sobre os pescoços dos cavalos para livrarmo-nos dos galhos de juremas, catingueiras e de outras arvores e arbustos, que a pequenos espaços obstruíam a passagem; ate que já bem apreensivos, avistamos à distância um casebre de má aparência.

Alvoroçados, nos aproximamos rapidamente e diante de uma porta fechada com varas, chamei pela gente da casa.


-Quem é?, perguntou uma voz do interior.

-Estamos perdidos; venha nos ensinar o caminho.

-Vá para a porta da frente, continua a voz.

-E aqui não é a frente? Perguntei.

-E a de trás; concluiu a voz.


Rodeamos o casebre e descobrimos uma outra abertura a imitação de porta, onde se achava um homem. Declarou-nos que estávamos desviados mais de meia légua da fazenda do capitão Claudino da Costa Ramos, que era na direção norte; e deu-nos as mais precisas informações para sairmos da catinga e seguirmos o caminho que para lá conduzia.


A mesmo de quilometro estava a estrada, e de um galope vencemos a meia légua que nos separava da Pendência de cima, onde chegamos a uma hora e quinze minutos da tarde.

Fomos recebidos e tratados com a mais cordial hospitalidade, da qual já gozava o Dr. Chateaubriand, chegado duas horas antes.


(continua)

 
 
 

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